quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Plaza

É provável que todos que ali entram tenham a mesma sensação de passar pelo buraco de Alice para um mundo completamente louco. Talvez sugerido por essa loucura, do meu imaginário cinematográfico saltou-me a ideia quando lá entrei a primeira vez, que poderia estar num bar da Saigão dos anos 60. Transmitir uma noção clara do espaço é quase impossível. O complexo hotel/restaurantes/discoteca é um genuíno e sentido hino ao kitsch, um crónico work in progress do orgulhoso proprietário André Backar, orfão que procurava o seu pai, que acabou perfilhado pelo American Dream. Com anos de labiríntico crescimento orgânico alimentado por uma acumulação dos mais improváveis ornamentos e adereços que André foi escolhendo pessoalmente, no Plaza é possivel encontrar palmeiras eléctricas, candelabros, lustres, candeeiros chineses, todo o inimaginável merchandising publicitário de bebidas, índios, neons, baloiços... uma parafernália que invade a visão e aniquila as referências. No final resulta um mundo estranho que serve o mais improvável cocktail de gente igualmente estranha. Descontando a ausência dos G.I.'s, a frequência é também ela própria do meu bar imaginário de Saigão. Estão lá todos... os ricos, os poderosos, os mafiosos (usualmente concomitantes) os estrangeiros, e as inevitáveis flores que vivem desta fauna. O ambiente camaliónico oferece o refúgio necessário aos foragidos dos minaretes, e por umas horas cada um tem ali o seu pequeno mundo imaginário. E é por isso que eu me sinto bem ali.

Poolview: particular atenção por favor às palmeiras eléctricas, aos candeeiros chineses e mais à esquerda alguns dos lustres, aos variados toldos e, claro, os nunca simpáticos garçons marujos...

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