sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Copos

É frequente encontrar em culturas orientais, que por sinal já andam nestas coisas de civilização organizada há muito mais tempo, a tradição de selar um negócio durante um jantar bem alcoolizado. Falta acrescentar que os negócios ali são invariavelmente coisas de homens. Do convívio do jantar e dos efeitos do álcool espera-se que as defesas e inibições caiam e assim surja uma verdadeira plataforma de verdade e entendimento... uma relação de confiança baseada no mutuo lucro e transparência... e quiça em algo um pouco mais profundo: cumplicidade.

Verdadeiras amizades não se forjam na agitação da noite. Confesso desconhecer como funciona do outro lado da barricada do Género, tal como em quase todas as coisas, mas tenho as minhas reservas que seja igual. Dito isto, tenho como verdade inabalável que uma noitada de copos entre homens é das experiências ligeiras que mais pode fazer para o fortalecimento de uma amizade masculina. O convívio mais básico que o descascar das inibições promove oferecer o contexto propicio para uma estranha ligação empática instintiva, onde os machos mais diferentes esfregam os seus egos uns nos outros e lhes eriça as penas para o cortejo noctívago. Naquelas breves horas tornam-se numa matilha unificada e cooperante no cortejo da caça, dão prontamente o corpo à luta ao menor sinal de agitação na defesa do parceiro inderrubável, são quasi-irmãos perdidos que afinal sempre se amaram, e trocam elogios inusitados na descoberta surpreendente do outro ser afinal a melhor pessoa do mundo... pelo menos até o sol vir trazer alguma sobriedade.

É precisamente quando o sol nasce, o alcool evapora e a cabeça pesa, que surge este elo. Enquanto todos os excesso se dissipam no chuveiro da memória, fica o laço apertado dos momentos compartilhados no desvario da noite... fica a certeza de uma cumplicidade que parte as barreiras do ego e deixa então a verdadeira amizade solta para poder crescer e frutificar.


*A próxima pago eu.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Gato


*E sem poder explicar melhor... Eu tenho um gato

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Again

Duas semanas, três continentes, quatro cidades e vários milhares de milhas. Serão tempos para rever recém conhecidos em novos cenários, despedir de bons amigos que partem para outros lados, e voltar às raízes para celebrar o amor, a amizade e a família. A tudo isto a seu tempo hei de voltar. Ou noutra perspectiva, prevejo muito tempo livre ao balcão da loja! E ofereceram-me musica para viajar...

domingo, 6 de setembro de 2009

Istambul


Fui sequestrado... por uma cidade. Desenvolvi não o síndrome de Estocolmo... mas de Istambul. Nunca nenhuma cidade me cativou tanto à chegada como esta. É um ser vivo que une 8 milhões de almas e pulsa com a força de milénios feitos da história que é também a minha. É notória a minha dificuldade em descrever tudo aquilo que me cativa, fico portanto pelos pequenos pormenores. No cenário que acolhe o ser tudo tem um pormenor, a começar logo pela arquitectura. A arquitectura monumental é singular. As mesquitas, os palácios e as casas aristocratas foram traçadas numa mescla única estonteante e só possível nesta encruzilhada. Em particular as construções do século XIX que trouxeram de Paris a raiz e o tronco e depois deixaram florescer as copas cheias de orientalidade. Todas tem um pormenor histórico que não poucas vezes moldou o que é a actual Europa. Para mim de início tudo parecia saído de um cenário cinematográfico de ficção cientifica, mas é precisamente o inverso pois foi aqui que muitos desses cineastas se vieram inspirar. Mas mesmo os vulgares edifícios, tanto novos como antigos, não são nunca básicos. Há sempre uma varanda, uma coluna, uma janela pouco natural, a escada em caracol, um pátio, uma vereda que envolve o prédio... mostrando que a natureza está ali sempre presente, desde as águas do canal que alimentam a cidade, até as árvores que com as suas copas tentam esconder os minaretes e cúpulas que despontam por toda a cidade como dedos apontados aos vários deuses que a governa(m)ram. Os prédios que encavalitam-se nas colinas num ziguezagueante desconcertado harmonioso feito de ruelas, vielas, avenidas, becos sem saída, praças, largos, pátios e os terraços... Ah, aqui pululam casas e prédios com um terraço com vista para a cidade. Nunca encontrei nenhuma cidade que vivesse tanto no último piso... sem contemporizações, tudo é aproveitado e modificado para que mesmo a mais obscura entrada para uma velha e sinuosa escada, acaba por revelar um magnifico rooftop para em sofisticação se poder estar confortavelmente a ver o cruzamento do mundo pulsar. Nada portanto é óbvio, e não fosse a referência visual do canal e a navegação pelas ruas exigiria sempre um mapa. E mesmo o canal, surpreende. Estou à espera de um rio, mas o azul profundo das suas águas que se movem livres de uma corrente desengana-me os olhos. Esta é a junção de dois mares que se intromete entre dois continentes, duas culturas... como dois amantes distintos, opostos, separados, mas intemporalmente ligados. A cidade surgiu e vive ainda pelo canal, onde a circulação de barco não é um mero arcaísmo... as casas, os hotéis e até as discotecas na margem recebem nos ancoradouros todos os aqueles que não passam pelas duas pontes. E é aqui que entra o turbilhão de gente. Muita. Esta é realmente uma metrópole Europeia, mas não há no velho continente nada que se lhe aproxime. Os números aqui estão presentes nas ruas, no transito, na água, na vida desordenada oriental que se move em cima de uma malha tentativa de organização ocidental. Este cruzamento, como incansavelmente lhe chamam, é feito de tudo com um nível cosmopolita que envergonha as grandes capitais europeias. E no entanto a sofisticação e até o vanguardismo anda de braço dado com o mais prosaico conservadorismo. Esta é uma cidade de todos... numa terra islâmica. Eu estou tomado pela cidade. Não falei ainda da luz, dos cheiros, das línguas, das culturas, das actividades... de tudo quanto ali está e que eu nem sequer conheço mais do que arranhei na superfície. No entanto conheço-lhe já os sinais, e alguma vivência... e ela conhece também já alguns apontamentos da minha vida.

*na falta de qualidade das minhas fotos, deixo uma tirada do google.


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cartago

Esta não é uma terra para se evitar o Turquesa...
*com o devido agradecimento a um bom olho

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

ISS

E hoje, aqui... lá em cima vai ser assim:

Com Carneiro bem no meio.

E no Porto vai ser assim. Logo, quando forem à Foz beber um Martini Bianco já bem no crepúsculo da noite, às 10 para as 11... olhem para o céu a sul, ela vai passar ali bem visível... se a senhora Lua toda cheia de si deixar!

Pé-ante-pé

Ficou decidido na reentré. E agora são 89 degraus, duas vezes por dia.
Surpreendo-me como cada vez parece mais rápido, e o coração cada vez bate mais lento.

E já agora... a descer também, trabalha-se outros grupos musculares...

*Colaterais, reduzo a minha carbon footprint! Se estiver com um eco mood pode calcular a sua pegada de carbono aqui

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Lilongwe

Desde o momento que sai do avião, não senti nada que não fosse uma serenidade envolvente...
Dizem-me que é fruto da colonização inglesa. É bem possível. A mim surge-me como o grande desafio à minha teoria sobre o lixo. Esta é uma terra limpa, aprumada, espaçada... vive-se de uma forma humilde e relativamente arrumada, e mesmo com todas as suas deficiências arrisco afirmar que aqui há boa qualidade de vida.

Chez-Netemba

A luz negra contra o fundo escuro denuncia o meu singular branco. Os corpos mexem-se em euforia ao som de ritmos estranhos. Na medida da entrega da multidão à musica, as hormonas fazem o suor escorrer pelas carnes... e chega o odor. Nunca senti nada assim. Viro-me, torço-me, tento escapar... mas vem de todo o lado envolve-me, ataca-me, entra-me pelas narinas para um grau de toxicidade alucinogenica há muito não sentido...

E foi assim que eu vi Cabral, Vasco, Bartolomeu, Diogo, Pêro, Afonso e todos os outros. Compreendi finalmente o sentido da miscigenação.
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