quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pavão

Não reconhecido pela ONU, mas conhecido de todos os afortunados que lá se encontraram. Eu já fui também de Pavão!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Republicanos

And now for something completely different...

Porque os tempos que vivemos são forçosamente de mudança, é importante ver esta geração a esgrimir os seus valores. Ignorando as alusões às politicas momentâneas governativas, este jovem fala a minha língua, fala dos meus valores, fala do meu Portugal.


Tenho dúvidas que o seu "nós" partidário, seja realmente fidedigno ao que ele crê. Sei pelo menos que eu não faço parte desse grupo, mas há todo um Nós que acredita no mesmo que ele. Fica então o basilar:

A função do Estado não é reconhecer a liberdade: É limitar-se em função dela!...



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Al Mariachi

Não sei o que fazer disto. Há imagens que nos prendem. A Fotografia vale precisamente por isto: perspectivas singulares sobre momentos do tempo parados eternamente.


Que faz aquele homem ali com guitarra na mão no meio do frenesim da batalha? Canta para os seu camaradas? Incentiva-os? Ou simplesmente carrega consigo um despojo de guerra?

Pensando bem... quantos foram os momentos críticos porque passamos, onde uma banda sonora cantada só para nos teria feito toda a diferença? Viva os Mariachis deste mundo...

sábado, 15 de outubro de 2011

Veraneantes

A primeira vitima desta mudança de latitudes... foi o Outono. Para mim estava ele ainda a despontar calorosamente e foi subitamente amputado e substituído por algo que ainda estou a tentar perceber.

Dizem os antigos* que os Portugueses surgem logo a seguir aos Ingleses no ranking dos povos que mais falam sobre o tempo. Parece naturalmente temática menor. O Homem é por excelência um ser adaptável. Conseguimos nos adaptar a tudo, ou quase tudo. Sobre a adaptação emocional haveria muito que falar... mas na adaptação ao meio exterior, somos exímios. Assim... debater como está o tempo, pode parecer redundante. Mais ainda em geografias onde os ambientes controlados e devidamente ambientalizados nos retiram essa dimensão. É possível sair da cama e chegar a secretária de trabalho no edifício de escritórios, sem na realidade ter respirado o ar, frio, húmido... livre. Tudo muito controlado e asséptico.

Para mim isto é impossível. Gosto de sentir o meio, e gosto de sentir o tempo a mudar. Um pouco como a natureza. Ou noutro ponto de vista, é a minha natureza. É por isso uma temática recorrente aqui na loja. Muito gosto eu de falar sobre o tempo e a meteorologia com os fregueses!

Aqui o clima é semi-tropical. Li, e tomei as referências. Mas ainda me falta compreender... sentir e absorver pela pele. Chove e troveja, e no entanto está calor. Este conceito de chuva quente é estranho. De repente... percebo que ninguém liga muito à Chuva. É tida como passageira, refrescante. Não há aqui espaço para a chuva fria que nos molha até gelar o coração. Ficou seca de sentido. O resultado são assim Verões constantes, com nuances tépidas... que produzem eternos veraneantes.

O cúmulo será o veraneo natalício. Estou ansioso por ver o velhote de shorts vermelhos!

Cada coisa a seu tempo... e agora o tempo é de Outono... e saudoso fico dos seus cheiros e sabores. E do frio claro está!

domingo, 9 de outubro de 2011

Rugby

Aos domingos à tarde, no meio da sonolência digestiva dos comeres maternais, surgia na televisão aqueles jogos de um desporto que pouco sabia sobre... era Rugby. Foi assim que aprendi as regras basilares do desporto. Espantava-me o contraste entre a dureza física dos embates e a parcimónia ao desfazer dos reboliços, mas sobretudo o que me fascinava era o épico confronto das nações. Para mim rugby era sinónimo de Torneio das Seis Nações... o que para uma criança seria o mais perto que podia almejar a ver reais batalhas medievais. Existia ali algo de raro num mundo desencantado pós-modernista dos 80s.... honra, suor e sangue. E muito poucas lágrimas...

Em Portugal o Rugby nunca passou das elites para a burguesia, muito menos para o povo. Também por isso não sou versado no tema, nem sequer arrisco opiniões técnicas. Podia referir pequenos grandes pormenores como o facto das camisolas não terem nomes, mas isso não impedir a existência de lendas, vivas e mortas. Ou o facto de se vencer o jogo correndo para a frente, mas só se puder passar a bola para trás, para os que estão sempre atrás de ti para te apoiar. No entanto, deixo-me ficar pelas fortes impressões que o desporto me causa... Equipa, Esforço, Força, Inteligência, Respeito, Ambição, Solidariedade, Emoção, e Sangue... simplesmente não encontro paralelo no mundo do Desporto. Na verdade... isto é muito mais do que desporto, é um quadro anacrónico do que já foi, e hoje claramente o mundo não é.

Acabei por ponderar que gostaria de proporcionar a um filho uma inclusão num meio assim. Vontade apenas refreada pela percepção da dureza física do desporto. Estes homens, ou estes guerreiros como usualmente são apelidados por comentadores, embatem-se corpo a corpo, pisam-se, empurram-se, esmagam-se consecutivamente durante 80 minutos... Não há cavalheirismo e parcimónia que consiga poupar o corpo a isto. Gostava de perceber um dia como ficam eles depois de uma carreira de competição. Certo é que as prima-donas do futebol não resistiriam a 5 minutos disto. E é por isso que hoje levanto-me de madrugada, para assistir ao que de melhor se faz disto no mundo.
O Seis Nações continua a ser uma referência, mas o mundo medieval europeu teve o seu apogeu há muito e actualmente é o Sul emergente que tem levado a coroa do mundo. Talvez sejam estes ares a sul do Trópico de Capricórnio que me influenciam, ou então é mesmo uma tendência Lusitania, mas é com estas orgulhosas forças elementares da natureza que eu me identifico. Particularmente os da África Austral... com as suas mesclas de raças, qualidade e brutalidade. É uma nação estranha... mas que se entranha. Fica aqui também uma referência aos nossos Lobos, a nossa equipa lusa que na sua aparição isolada no último campeonato, mostrou que Lusos ainda sabem bater-se por algo.

Eu sei que o desporto tem mudado. Que provavelmente até o rugby irá sucumbir as vicissitudes das profissionalizações e do mundo competitivo de hoje. Mas até lá, perco alegremente horas de sono para vibrar com estes guerreiros do mundo moderno.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Confeitaria

confeitar

v. tr.
1. Cobrir com açúcar como a confeitos.
2. [Figurado] Dissimular.
3. Adoçar para iludir.

A "confeitaria" é uma das subestimadas e ignoradas brilhantes inovações Portuguesas. Não encontrei ainda nenhum conceito semelhante noutras culturas. Sim, os Franceses tem excelente doçaria e fantásticas padarias mas... tipicamente as mesmas não tem mesas e cadeiras para oferecer o prazer de degustar as suas criações in loco. Já agora, um dos meus maiores dramas parisienses... é a impossibilidade de encontrar um excelente bolo para acompanhar um bom café em qualquer das encantadoras esplanadas que preenchem a cidade. Portanto, ou vai a pastelaria e come de pé, ou vai ao café e não come pastel!...
Os Espanhóis simplesmente não tem confeitaria digna do nome. Ou seja, há mesas, mas não há açúcar. Os Italianos, demasiado perto de Roma, não deram espaço à criatividade clerical que nas longínquas províncias se entretiveram a prevaricar na sua gula, gerando assim algumas das maravilhas com que nos deliciámos na nossa terra e encantam os visitantes. É portanto em Portugal, o único país no universo onde se pode levar alguém lanchar a uma confeitaria... E se isso parece coisa pouca, é porque evidentemente nunca se viram confrontados com tamanha incapacitação!

Eis-me assim chegado à confeitaria "Pérola de Moçambique". Por baixo dos meus pés, esta pérola é na verdade lusitana. Concretiza mais um dos momentos em que um atravessar de porta liga 7.000 milhas de distância. Moçambique está repleta destes pequenos momentos lusitanos, talvez demasiados. Para os que aqui vem chegados da metrópole, ajuda a amenizar a saudade. Para os que vieram de mais longe... cria a doce ilusão de estar afinal mais perto! Confeita, portanto...




*não... nada de errado na foto. Nem só de açúcar vive (este) homem. É mesmo o verdadeiro e até agora inacessível Bitoque! Priceless...


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Negrume

A África é negra. Muito para além das colorações e conotações pigmentares, acima das cores vivas, dos aromas, é o negrume que mais impressiona. Este é ainda um continente naturalista totalmente comandado pelo ritmo solar. Se eu tivesse de escolher um indicador de desenvolvimento, este será sem dúvida a electricidade... Sem electricidade não há modernidade... sem electricidade vive-se sem Luz! Esta é uma das áreas que mais procura tem e onde mais se investe. Trazer luz onde antes há apenas escuridão.

Da mais básicas de todas as sensações que me acodem... é a falta de luz que realmente me assombra. São as sombras que se agigantam com a noite. As ruas negras como breu são um convite a ficar por casa à volta da luz. Já aqui falei sobre o calor ameno que devolve a natureza noctívaga ao Homem. Mas faltou-me a falar sobre a luz, sem a qual ficamos iguais aos animais na noite perdidos. E mesmo aí em clara desvantagem... sobretudo em África onde os predadores, selvagens e urbanos, preferem o manto estrelar para caçar!

Eu que gosto de penumbra... não me dou bem com tanta escuridão...

Aterrei*

*o edifico JAT no plano central, com o rio Maputo ao fundo
Nada como a luz do dia para tudo clarear!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Aterrei

Depois de quase três meses de antecipação da mudança, finalmente aterrei! Moçambique começa sacudida pelo vento e enlameada pela chuva. Dizem que o Verão vem aí... o que não deixa de ser interessante pois eu acabei de vir de um.

Dizem também que não há forma de mudar uma primeira má impressão. Evito assim trazer para a loja essas primeiras sensações... Sempre odiei chegar a uma cidade nova à noite.



Fica apenas então o jantar com vista sobre a baixa da cidade, e o meu escritório, a fechar o dia... esperando que tudo se altere pela luz da manhã.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Porta33

Passamos a vida a abrir e fechar portas sem pensar muito nisso. Fechadas ou abertas, com chave ou sem trinco, elas irrompem muros, barreiras, paredes, fecham ou abrem-nos mundos. Frágeis ou intransponíveis elas tanto nos podem proteger, como nos limitar e ofender. Gosto de ver aquelas portas e portões que surgem por vezes isoladas na paisagem. Mesmo sem muros ou vedações a dar-lhe continuidade, ali estão elas sozinhas assinalando que no momento que as atravessam se está a entrar num novo algo. É uma simbologia simples e forte... uma porta marca sempre uma transição.

Deriva daqui a analogia de portas que se abrem e fecham para referir oportunidades ganhas ou perdidas. Mas ao contrário das portas físicas, que podem sempre ser abertas para regressarmos, estas representam momentos no tempo em que as opções que tomamos não nos permitem voltar atrás.

No entanto, estranhamente naquele dia foi exactamente assim também com aquela porta bem real - a Porta 33 daquele aeroporto. Percebi naquele momento que também há portas físicas que quando se fecham, a realidade atrás delas desaparece. Já lá voltei algumas vezes mas nunca regressei pelo sentido inverso. E quando a atravessei de novo, nunca fui parar ao mesmo local. Quase uma verdadeira porta mágica para espaço.

Foi um momento único de fusão espaço-temporal-emocional. Naquela tarde a Porta 33 foi uma transição em que deixei ficar para trás uma realidade física e emocional que desapareceu e à qual não mais posso voltar.

A esta loja trouxe muito desse período. São artigos que não cabem mais na montra. Tem eles de dar espaço agora a todos outros novos artigos que eventualmente a disponibilidade me permita trazer aqui a esta Loja do Mestre André de portas abertas. Vão ficar apenas alguns artigos em exposição, clássicos que nunca caem em desuso, com um pouco do aroma da loja anterior. É possível que agora pareçam um pouco perdidos os que ficam, tão espaçados no tempo. Por isso peço desde já desculpa. Talvez mais a frente a regularidade da escrita erradique os hiatos. Por agora segue assim.

Espero que gostem da nova gerência.


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