segunda-feira, 17 de maio de 2010

Death

Em inglês, pois é essa a língua do mundo virtual. Esse mundo que nos deu uma nova dimensão. Abrimos a janela virtual, ou devo dizer a window(s), e lançamos a nossa vida para um novo mundo, desta feita não de oceanos de água, mas de bits e bites que nos dão uma infinidade de novas costas para avistar. Tantas quantas as pessoas, e essas são aos biliões. Depois das pessoas há ainda as consciências colectivas, as comunidades e mesmo os sistemas que por vezes interagimos sem perceber que na realidade não estamos a comunicar com ninguém. Ou melhor... estamos sim, mas é um "alguém" feito de software que interage connosco, uma espécie de consciência individual ainda limitada no raciocínio. Não é necessário ser fã de ficção cientifica para perceber que, ao ritmo alucinante do progresso da computação, em breve estas entidades ganharão vida própria...

Esta descorporização das consciências abre caminho para uma transmutação da vida para o mundo etéreo da virtualidade. Mais uma vez... nada disto é novidade. Muitas foram as visões já adiantadas sobre a modernidade feita na virtualidade. Arrisco contudo que o foco usualmente é sobre a emergência das máquinas, ou dos softwares, esse "alguém" que não existe ainda mas que se anuncia que "vem aí". É com certeza mais fácil de conceptualizar do que a transmutação para a virtualidade... da vida humana. O problema da Alma, da Consciência, o Intelecto humano. Hoje não nos restringimos apenas a ser o que sentimos palpável nas mãos. Ao mesmo tempo que abrimos a window(s) para vermos esse novo mundo, levamos connosco para lá parte, ou até grande parte, do que é a nossa vida. Vivemos com toda a nossa informação registada on-line, mas vivemos também com os nossos blogs, com os nossos emails, as nossas redes sociais, os nossos amigos (virtuais e bem reais), tudo isso... os amigos, os pensamentos, as reflexões, as paixões, os hobbies e os amores estão hoje reflectidos, mas também a viver ali! A tal nova dimensão virtual da vida permite-nos transcender para alem dos limites do físico, somos também virtuais... na vida, e na morte!

Morremos virtualmente tantas vezes quantas quisermos. Com mais ou menos trabalho, podemos ressuscitar para uma nova vida, ou tentar continuar a anterior... mas e quando morremos na realidade? O que acontece à virtualidade?

O Facebook, na sua constante amabilidade de promoção altruísta da amizade pelo planeta, sugere-nos simpaticamente no seu quadro direito os amigos que ele pensa que nos faria bem ter na nossa "rede". Nas últimas semanas, ele insiste que eu me faça amigo de alguém que na verdade... já morreu! Todos os dias me pergunto se devo ser amigo de um morto.

A morbidez da sugestão não me impede de olhar com carinho ao memorial que existe naquela página. É possível que seja também uma homenagem... um cemitério virtual.

No Secúlo XXI... prepara-se a morte em toda a sua amplitude, o fim do corpo e o nosso fim virtual.

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